Continuando na senda daquilo que foi o meu último escrito, os amigos, os laços familiares não efectivos e os sentimentos que se desenvolvem por aqueles que sem o serem comportam-se como se fossem família, são uma parte fundamental no equilíbrio que tento alcançar na minha vida.
Não se pense que provenho de alguma família disfuncional ou que tenho carências afectivas. Nada disso. Tenho a felicidade de ter uns pais maravilhosos que tudo fizeram e continuam a fazer para que os filhos alcancem a sua felicidade. Apenas prezo os laços com as pessoas de que gosto e que sinto que estão comigo apenas por essa razão. Família. Mesmo a emprestada.
O João Martins é uma destas pessoas.
Apesar de ser uma amizade relativamente curta no tempo, parece que desde sempre pude contar com o seu apoio quando precisei mas também com o raspanete quando o tal sangue na guelra se manifesta em demasia. Uma figura paternal que se mantém na sombra mas que quando é necessário, está presente.
Apenas para demonstrar o que acabei de escrever, esta será a primeira entrada no blogue que não vai ser corrigida pelo João. As vírgulas, os parágrafos, a construção frásica, não há nada que passe em claro. E só não vai corrigir este porque a sua modéstia não permitiria que eu o elogiasse desta maneira.
Obrigado João por tudo o que é e representa para mim.
Posto isto, falemos de canas!
O João encomendou uma Made in Portugal. Para pesca embarcada. Com uma estética muito definida e sem margens para eu dar azo àminha habitual imaginação, hehehe. Bastante prudente!
Não foi fácil de a construir pois a vontade de que tudo saísse a roçar a perfeição, era muito grande.
“Blank” nacional com 3,00m divididos em duas partes mais ponteiras, preta e o mais leve possível.
Para o batente, optei por uma solução inovadora. Pelo menos para mim. Coloquei na cana uma peça com rosca, de maneira que ele se possa remover e trocar por outro com peso diferente para escolha do equilíbrio que mais se adeque ao pescador e à sua forma de pescar. A possibilidade de usar a cana sem o batente é uma terceira opção. Para isso ser possível sem provocar danos no convés do barco, coloquei uma borracha encaixada no interior do blank . Num dos batentes apliquei uma pequena peça a imitar um entrançado feito com corda e no outro areia da praia para o dono não se esquecer das suas origens.
O porta carretos é uma estreia. Este modelo da Pacific Bay revelou ser a escolha certa para o visual discreto que o João me pediu e, ainda por cima, leve e robusto. Os remates foram feitos com duas peças de alumínio.
O gráfico segue a tendência do resto da cana e para além das especificações técnicas e dos logos habituais, apenas apresenta o nome do seu dono.
O encaixe foi feito com carbono e reforçado com o enrolamento preto com duas finas riscas em azul e prata que acompanham todos os enrolamentos da cana.
Os passadores escolhidos são provavelmente os mais elegantes que existem actualmente no mercado. Os Fuji Concept com a estrutura em aço inox cromado e com as cerâmicas em Alconite. Sem dúvida que acrescentam um toque de classe.
As ponteiras, duas em carbono, também estão guarnecidas com passadores Fuji. Para acrescentar cor nas pontas optei por fazer enrolamentos com linha metalizada. Diferente mas funcional e esteticamente agradável.
E está apresentada mais uma Made in Portugal. Esta especial por váias razões para além das explicadas até agora.
Em condições normais, terminaria por aqui. Mas enquanto construía esta cana, aconteceu um facto de grande relevo na vida do João. Pela primeira vez foi avô.
Motivo mais que suficiente para pensar no futuro.
O Francisco nasceu, saudável e com uma apetência enorme para a pesca. Reparem, com apenas 15 dias, na pose altiva e relaxada com que empunha a sua primeira cana.
Vamos aos pormenores.
Um blank de uma só peça, com 1,20m e cuja origem desconheço!
O cabo está feito com duas pequenas bolas de futebol, macias, e tem um gráfico com o nome do Francisco. Os enrolamentos foram cobertos com epoxy e brilhantes azuis para cativar ainda mais o rapaz.
O porta carretos com as suas bolas de futebol.
E os passadores com o máximo de brilho que consegui colocar.
A areia de fundo é para garantir que a criança é desde já bem encaminhada para a técnica correcta.
Parabéns aos pais e aos avós.
Longa vida para o Francisco!
Canas, já estão mais umas quantas prontas a aguardarem o seu lugar para entrarem aqui nas luzes da ribalta.
hoje vai ser o dia de dar parabens a malta toda.
ResponderEliminarparabens ao nuno pelos lindos trabalhos.
parabens ao joão pela linda aquisição (apesar de achar que andas a inclinar demais para o sintetico).
parabens ao francisco pelo avo que tem que á lhe ofereceu uma cana e tudo, mais cedo é impossivel.
falando agora do material, a cana toda preto ficou com muito estilo, muito requintada e simples ao mesmo tempo, creio que o joão fez uma boa escolha, a cana do francisco...espectaculo, quando é que se vai dar a estreia da cana...joão quero fotos disso.
1 abraço a todos
zé
Viva Nuno!
ResponderEliminarCada cana, neste caso duas, é uma ode à criatividade e ao bem fazer!
Os meus sinceros parabéns!
Abraço
Ernesto
estou a gostar das tuas canas cada vez mais
ResponderEliminarOlá Zé!
ResponderEliminarObrigado pelo teu comentário.
A seguir será a tua a chegar à ribalta. E merece.
Ernesto, obrigado amigo. Tu melhor que ninguém sabes as ideias que tenho para colocar em prática. Vamos ver é se há blanks que cheguem, hehehehehe.
Amigo Marco Aurélio, ainda bem que gosta do meu trabalho. Fico muito satisfeito com isso.
Obrigado pelo comentário.
Abraço a todos
Viva Nuno
ResponderEliminarEu não digo que você é um exagerado?
Vamos aos factos
Passei pela escola há mais de meio século, no tempo em que as réguas não serviam só para fazer riscos, os professores eram respeitados e entendidos como amigos, em que se escreviam vezes sem conta nas folhas do caderno de linhas as palavras erradas no ditado!
Por outro lado, no mundo da pesca, e é uma pena, não é frequente encontrar-se alguém capaz e disposto a escrever sobre o tema, de forma escorreita, com regularidade e interesse técnico. No capítulo da construção de canas, ao que julgo, o seu blogue é único a nível nacional e são raros blogues idênticos a nível mundial. As canas que dá à luz são sensacionais.
Neste pressuposto, penso que qualquer um teria o maior prazer em poder ajudá-lo nessa obra, seja no que for. Porque não uns retoques numa ou noutra palavra ou na procura consigo de uma frase mais clara para um relato?
Quanto às canas...
A senior já foi testada e respondeu em pleno.
Construção perfeita, com batentes que a equilibram na perfeição e lhe retiram peso numa pesca em que o braço e o pulso são massacrados horas a fio. Grande sensibilidade aos toques, com uma repercussão dos sinais ao longo do blank bem superior à de uma em carbono. Embora lenta na ferragem (obriga a um ajuste do pescador aos tempos de reacção e tipo de resposta), tem um potencial inesgotável no combate com qualquer peixe. Novato nestas lides, chegaram-me uns poucos vermelhitos que tirei e umas duplas rabionas para marcarem com nitidez as características desta matadora.
Quanto à maquiagem da menina, está lá tudo o que queria!
A junior, do Francisco.
Bem kitsch. Outra obra prima de um artista delirante!
Sobre ela, apenas desejo que o Francisco daqui a uns bons anos venha a este blogue, localize esta entrada entre as muitas centenas mais que então aqui estejam e manifeste o seu reconhecimento verdadeiro pelo gesto simpático e amigo que o Nuno teve.
Desculpe o testamento mas tinha de ser
Grande abraço
João Martins
Olá João!
ResponderEliminarDesde já agradeço as suas considerações acerca do meu trabalho.
Quanto à escrita, com menos discurso tinha dito logo que eu escrevo mal, hehehehehehe.
O Francisco, espero sinceramente que um dia recorde com algum carinho aquele brinquedo engraçado que um fulano lá de Setúbal construi para ele. Vamos ver se ainda por cá vou andar a construir canas.
Obrigado pelo comentário João.
Abraço
P.S. E não me livrei de corrigir o texto que tinha alguns erros ortográficos.