sábado, 31 de julho de 2010

Uma cana para os pargos!

 

luisguerreiro

Durante o almoço comemorativo do 1ºAniversário do Porto de Abrigo e depois de observar a cana referente ao evento, o Luís Guerreiro informou-me que em breve me faria uma encomenda de uma cana destinada à pesca aos pargos.

E foi mesmo breve! Uma visita aqui à loja num domingo de manhã tinha esse objectivo.

Depois de delinearmos os pormenores àcerca dos componentes e dos motivos do gráfico, o Luís deixou o resto ao meu critério referindo apenas que gostava muito de vermelho e preto.

Pormenores técnicos resolvidos, passei à fase da conversa que gosto de ter com todos os clientes: tentar perceber os seus gostos, a forma de pescar, se são recatados ou pelo contrário gostam de se evidenciar um pouco ou até passar completamente despercebidos no meio da multidão.

Pode parecer que tudo isto nada tem a ver com a construção de uma cana e que estou armado em psicólogo de trazer por casa. Não é esse o caso. Desta forma tenho mais possibilidades de apresentar ao cliente um produto final que o deixe mais satisfeito.

É esse o meu objectivo.

Mas vamos ao que interessa. A cana!

Para o batente, escolhi uma peça feita em teflon, cuja origem tenho que agradecer a outro Luís, o Nascimento. Foi totalmente coberta com os enrolamentos nas cores escolhidas: preto, vermelho e prata. No topo do batente uma pequena peça em aço inox que dá um toque de classe ao conjunto e se vai repetir mais acima. Um pequeno logo da 7even completa aquele que, para mim, é um dos mais bonitos batentes que fiz até agora.

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O porta carretos é mais uma estreia. Uma peça em alumínio marítimo da americana Pacific Bay. Uma verdadeira beleza que ficou perfeito no enquadramento geral da cana e que, pela qualidade do material de que é composto, é uma garantia de durabilidade. A fazer a guarda de honra, mais duas peças em inox acompanhadas dos respectivos enrolamentos.

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No gráfico marcam presença os elementos habituais, logos e informação técnica, o nome do cliente assim como um pargo para garantir que não hajam dúvidas quanto à missão desta Made in Portugal.

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O encaixe foi feito em carbono com as pontas dos elementos devidamente reforçadas com o enrolamento e o respectivo epoxy num lado e no outro o primeiro passador a ajudar também nessa função.

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Para os passadores a escolha recaiu na Fuji. Armações em aço inox com um banho de cor “Gun Smoke” e porcelanas em SIC. À prova de qualquer peixe ou mesmo de maus tratos. Optei por fazer dois enrolamentos diferentes para quebrar a monotonia .

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As ponteiras, por escolha do Luís, são as três em fibra de vidro maciça. Mais compridas que o normal, também a pedido. Julgo que ainda as vamos encurtar. Os enrolamentos dos micropassadores foram feitos em preto com uma pequena risca vermelha.

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Aconteceu um episódio curioso com esta cana.

Gosto sempre de mostrar as “minhas” canas (irei considerá-las sempre assim) a pessoas que não pescam. Desta vez escolhi o pessoal de uma das lojas aqui ao lado que fizeram o seguinte comentário: “Está gira! Esses autocolantes que colocaste nos passadores ficam mesmo bem”. Tinha acabado de confirmar que os enrolamentos estavam muito bons. E para que não fiquem dúvidas aqui fica uma foto do pormenor dos mesmos.

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E assim está apresentada mais uma cana.

Outras já estão acabadas e entregues, apenas à espera de tempo para as colocar aqui à  vossa apreciação.

Até lá!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uma cana para um Sr. e outra para o futuro.

 

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Continuando na senda daquilo que foi o meu último escrito, os amigos, os laços familiares não efectivos e os sentimentos que se desenvolvem por aqueles que sem o serem comportam-se como se fossem família, são uma parte fundamental no equilíbrio que tento alcançar na minha vida.

Não se pense que provenho de alguma família disfuncional ou que tenho carências afectivas. Nada disso. Tenho a felicidade de ter uns pais maravilhosos que tudo fizeram e continuam a fazer para que os filhos alcancem a sua felicidade. Apenas prezo os laços com as pessoas de que gosto e que sinto que estão comigo apenas por essa razão. Família. Mesmo a emprestada.

O João Martins é uma destas pessoas.

Apesar de ser uma amizade relativamente curta no tempo, parece que desde sempre pude contar com o seu apoio quando precisei mas também com o raspanete quando o tal sangue na guelra se manifesta em demasia. Uma figura paternal que se mantém na sombra  mas que quando é necessário, está presente.

Apenas para demonstrar o que acabei de escrever, esta será a primeira entrada no blogue que não vai ser corrigida pelo João. As vírgulas, os parágrafos, a construção frásica, não há nada que passe em claro. E só não vai corrigir este porque a sua modéstia não permitiria que eu  o elogiasse desta maneira.

Obrigado João por tudo o que é e representa para mim.

Posto isto, falemos de canas!

O João encomendou uma Made in Portugal. Para pesca embarcada. Com uma estética muito definida e sem margens para eu dar azo àminha habitual imaginação, hehehe. Bastante prudente!

Não foi fácil de a construir pois a vontade de que tudo saísse a roçar a perfeição, era muito grande.

“Blank” nacional com 3,00m divididos em duas partes mais ponteiras, preta e o mais leve possível.

Para o batente, optei por uma solução inovadora. Pelo menos para mim. Coloquei na cana uma peça com rosca, de maneira que ele se possa remover e trocar por outro com peso diferente para escolha do equilíbrio que mais se adeque ao pescador e à sua forma de pescar. A possibilidade de usar a cana sem o batente é uma terceira opção. Para isso ser possível sem provocar danos no convés do barco, coloquei uma borracha encaixada no interior do blank . Num dos batentes apliquei uma pequena peça a imitar um entrançado feito com corda e no outro areia da praia para o dono não se esquecer das suas origens.

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O porta carretos é uma estreia. Este modelo da Pacific Bay revelou ser a escolha certa para o visual discreto que o João me pediu e, ainda por cima, leve e robusto. Os remates foram feitos com duas peças de alumínio.

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O gráfico segue a tendência do resto da cana e para além das especificações técnicas e dos logos habituais, apenas apresenta o nome do seu dono.

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O encaixe foi feito com carbono e reforçado com o enrolamento preto com duas finas riscas em azul e prata que acompanham todos os enrolamentos da cana.

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Os passadores escolhidos são provavelmente os mais elegantes que existem actualmente no mercado. Os Fuji  Concept com a estrutura em aço inox cromado e com as cerâmicas em Alconite. Sem dúvida que acrescentam um toque de classe.

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As ponteiras, duas em carbono, também estão guarnecidas com passadores Fuji. Para acrescentar cor nas pontas optei por fazer enrolamentos com linha metalizada. Diferente mas funcional e esteticamente agradável.

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E está apresentada mais uma Made in Portugal. Esta especial por váias razões para além das explicadas até agora.

Em condições normais, terminaria por aqui. Mas enquanto construía esta cana, aconteceu um facto de grande relevo na vida do João. Pela primeira vez foi avô.

Motivo mais que suficiente para pensar no futuro.

O Francisco nasceu, saudável e com uma apetência enorme para a pesca. Reparem, com apenas 15 dias, na pose altiva e relaxada com que  empunha a sua primeira cana.

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Vamos aos pormenores.

Um blank de uma só peça, com 1,20m e cuja origem desconheço!

O cabo está feito com duas pequenas bolas de futebol, macias, e tem um gráfico com o nome do Francisco. Os enrolamentos foram cobertos com epoxy e brilhantes azuis para cativar ainda mais o rapaz.

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O porta carretos com as suas bolas de futebol.

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E os passadores com o máximo de brilho que consegui colocar.

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A areia de fundo é para garantir que a criança é desde já bem encaminhada para a técnica correcta.

Parabéns aos pais e aos avós.

Longa vida para o Francisco!

Canas, já estão mais umas quantas prontas a aguardarem o seu lugar para entrarem aqui nas luzes da ribalta.     

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Kayak fishing - cana“Corsário”, para um pirata bom!

 

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Já aqui vos falei dos amigos e do que alguns deles representam para mim e da dificuldade que tenho em construir uma cana para um deles. O desejo de que tudo saia perfeito dificulta a tarefa, ainda por cima se ficou ao meu critério a escolha dos materiais e das cores e os motivos da cana. Foi o que aconteceu com esta.

O Ernesto é uma espécie de irmão mais velho que nunca tive. Sempre com um conselho pronto para acalmar o sangue por vezes ainda demasiado fresco que tenho na guelra. Esteve e está sempre presente nos momentos difíceis, nunca me voltando as costas.

Desculpem este interlúdio mas com a idade aprendi que as coisas devem ser ditas ou escritas nestes casos, sem receios de parecer demasiado sensível e mesmo correndo o risco de na próxima pescaria ouvir algumas bocas sobre o assunto.

As pessoas que por uma razão ou outra nos são queridas devem saber disso.

Lamechices à parte, a cana que o Ernesto me pediu revelou ser um desafio em muitos aspectos.

Apesar de já ter construído algumas para esta técnica em conolon nacional, que resultaram muito bem, neste caso a intenção foi a de aproveitar uma cana de pesca embarcada com fio interior que tinha pouco uso. Mais difícil ainda.

Depois de limpo o “blank” e devidamente pintado de preto, colocou-se a questão: o que vou fazer nesta, que já é a terceira cana que faço para ele?

O homem gosta de mar, de pesca, aquele bigode faz lembrar os piratas dos filmes do Errol Flynn e pelo que conheço dele um estilo de vida mais livre como os dos corsários não lhe desagradaria de todo. Estava encontrado o tema para a cana.

O esquema de cores, apesar de estranho e à partida não fazer muito sentido, bem como a sua conjugação são de fácil explicação. O dourado por razões óbvias, o prateado pelas espadas, o preto porque faz lembrar aqueles sapatos com grandes fivelas assim como os cinturões que usavam para prender à cintura todo o seu arsenal bélico e o vermelho porque qualquer capitão pirata que se prezasse tinha um casaco ou um lenço na cabeça desta cor.

Para o batente, o alumínio já é escolha obrigatória. Leve e resistente.

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O cabo ficou forrado com manga retráctil com pequenos efeitos em forma de diamante. Por aquilo que conheço do pirata, esta cana vai passar um mau bocado e convém estar protegida.

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O porta carretos escolhido foi um Fuji, em grafite. Garantia de qualidade e leveza.

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Por cima do porta carretos resolvi inserir uma pequena caveira alusiva ao tema.

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Para o gráfico, um inevitável pirata, o nome “Corsário” com um pequeno monte de moedas de ouro por baixo, o logo da 7even, as indicações técnicas e a bandeira nacional, que desta vez também serviu de fundo. Não gosto de ver a bandeira ser lembrada só quando há futebol.

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Para terminar, os passadores. American Tackle ring lock. Leves, resistentes e ainda por cima elegantes.

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Mais uma que está pronta e entregue, esta diferente pela técnica em que vai ser usada e diferente também pelas inovações que tem nos enrolamentos e nos pormenores.

Só espero que o Ernesto se divirta tanto nesta nova aventura do Kayak fishing como eu me diverti a construir a “Corsário”.

Feliz reforma, amigo!

sábado, 3 de julho de 2010

Telescópica? Não falha!

 

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Não sabendo explicar muito bem porquê, sempre gostei particularmente de construir ou reconstruir canas telescópicas.

Gosto da imagem dos seus passadores numa cana toda fechada. Permite conjugar alguns efeitos que numa de duas ou três partes não funciona tão bem.

Gosto também de defender a aparente causa perdida das canas telescópicas versus de secções.

Uma verdadeira injustiça! Bem tratadas são bastante eficazes em muitas técnicas de pesca. A embarcada é uma delas.

Esta nasceu de um “blank” de origem asiática, com 2,60m e feito 100% em carbono. Muito rijo. Só a ponteira é que trabalha quando em esforço ligeiro. O resto da cana necessita que puxem por ela para começar a vergar.

Muito interessante e quanto a mim muito útil para pescas a baixas profundidades que necessitem de uma cana rápida e sensível.

O batente é composto por uma peça em alumínio azul acompanhada de perto por um pequeno esqueleto de um peixe. Decididamente gosto de ver o esqueleto por baixo da manga retráctil.

O enrolamento do remate foi coberto com epoxy preto e brilhantes prateados que fazem um belo efeito marmóreo enquadrado por outros dois pequenos enrolamentos em prata e azul.

Esta será a decoração que vai acompanhar toda a cana.

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O cabo está completamente revestido com manga retráctil com um efeito em diamante para melhorar a aderência.

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O porta carretos em grafite, leve e robusto, enquadra-se perfeitamente com o resto da cana.

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O gráfico… Bem, quanto ao gráfico, deu-me para fazer uma cana bem humorada.

Passo a explicar.

A cana tem por nome “Não falha”! E para não falhar, à cautela, coloquei uma lata de sardinhas no gráfico. Estranho? Sim, mas diferente e atraente. Já para não falar dos sorrisos que arranca a quem a vê.

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Os passadores, Low Rider, rematam a cana. Como já o disse, esta é a parte que mais gosto nas canas telescópicas.

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Por agora é tudo. Esta já está documentada mas ainda vou ter muito que escrever para vos pôr a par das outras que entretanto foram construídas e entregues.

Aproveito para vos comunicar que brevemente as “Made in Portugal” vão ser divulgadas na revista americana “Rod Maker Magazine”, facto de que me orgulho bastante. Apenas os melhores do mundo têm entrada nesta publicação. Desculpem a baba mas não o consegui evitar.

A próxima está a caminho.