sábado, 18 de agosto de 2012

Cana Mecânica

 

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Como a RodMaker Magazine não chega a Portugal aqui vos deixo a versão em português do artigo que foi publicado na edição de Agosto que descreve o processo criativo que deu origem a uma cana verdadeiramente custom.

Aproveito também para agradecer ao Armando a abertura que teve e que permitiu que esta cana resulta-se numa das minhas preferidas.

Cana Mecânica

Quando comecei a construir canas cedo me apercebi que uma das coisas que mais me agradava nas canas custom é que não existe uma forma certa ou errada para as construir, apenas existe a forma custom. Tudo o que o cliente peça para fazer na cana está correto.

Claro que por vezes tenho que alertar os clientes para o facto das especificações pretendidas poderem afectar a performance da cana.

Esta cana personifica tudo aquilo que eu acho que deve ser uma cana custom: uma combinação de performance e um cliente feliz com uma peça única nas mãos cheia de elementos com os quais se identifica.

Este cliente (e agora amigo) é designer de móveis para cozinhas, restaurantes e grandes superfícies. Cria espaços em Portugal, Europa, Brasil e Africa.

Os seus materiais de eleição são inox e alumínio e é com estas matérias primas que está constantemente em busca de criar coisas novas, diferentes e únicas.

Quando começamos uma das muitas conversas que tivemos acerca dos pormenores da cana, o Armando viu uns tubos de fibra de vidro com um efeito entrançado em cor de alumínio que vem dentro dos porta carretos de alumínio da Alps e de imediato perguntou se eu podia fazer o cabo da cana com aquelas peças ao que de prontamente respondi que sim mas que para fazer as junções das peças teria que utilizar uma pequena peça de alumínio e que até a podia aparafusar à cana, não furando a cana mas apenas criando a ilusão usando só as cabeças dos parafusos.

Sinceramente pensei que estava a exagerar mas a resposta não podia ser mais satisfatória, “É exactamente isso que eu queria na minha cana, peças metálicas e um aspecto mecânico. Gosto muito da ideia!”

Posto isto dei início à construção começando pelo cabo que foi feito com dois dos ditos tubos com três peças de alumínio a fazer as uniões entre todos os componentes e com as cabeças dos parafusos em inox.

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O batente de alumínio é preto para combinar com o “foregrip” de EVA preta.

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No meio o porta carretos também em alumínio.

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Esta cana foi construída sem planear todos os passos antecipadamente.

Depois de terminado o cabo achei que tinha que continuar a surpreender com algo diferente no foregrip.

Já tinha feito algumas tentativas para criar novos efeitos nas peças de EVA como fazer furos para que se possa ver o que está por baixo que neste é outro tubo de fibra de vidro igual aos do cabo.

Estes furos para além de permitem sentir melhor os toques mais dissimulados de alguns peixes , esteticamente são muito agradáveis e permitem um sem numero de possíveis efeitos que se podem utilizar por baixo das peças de EVA.

Claro que também apliquei cabeças de parafusos no foregrip.

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O próximo passo foi o gráfico.

Como esta é uma cana telescópica para os Pargos (blank Veret 4,00m) o Armando pediu para incluir um destes vermelhinhos no gráfico.

O desafio para mim foi fazer um Pargo que mantivesse o espírito mecânico da cana o que resultou na criação de um enorme peixe mecânico que tem como base o esqueleto de um Peixe Tigre e que está a perseguir um Pargo já ferido com as engrenagens e fios à mostra por culpa do ataque sofrido.

Por esta altura alguns de vocês estão a pensar que os vapores do Epoxy já me afectaram mas esta é a forma como eu tento fazer os gráficos, criar uma cena com que o cliente se identifique e que esteja ligada ao resto da cana. O gráfico não deve ser um corpo estranho mas sim parte integrante do resultado final.

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O gráfico também marca a primeira aparição dos enrolamentos.

Por esta altura já era óbvio que as cores a utilizar seriam o preto e prateado em linhas metálicas.

Utilizei uma linha mesclada de preto e prata misturada com prateado e preto o que criou o aspecto de degrade que podem observar nas fotos. Não é um trabalho muito complicado mas perfeito para esta cana.

Último passo: os passadores.

Esta foi a parte da cana onde mais hesitei. Porquê? Vou usar mais cabeças de parafusos? Será exagerado? Eu acho que sim mas apliquei-os na mesma, um em cada pata dos passadores Alps.

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E a cana mecânica estava pronta!

No total usei 34 cabeças de parafuso com um peso de 20grs.

Antes de começar a construção da cana informei o cliente que toda esta cosmética iria implicar algum acréscimo de peso mas na realidade apenas acrescentei 50gr ao peso da cana normal.

Este é o tipo de cana que me faz adorar o meu trabalho e que me faz levantar cedo e bem disposto por ir para a oficina.

De facto este tipo de canas temáticas são aquelas que são verdadeiramente custom e que mais prazer me dão construir.

Todos aqueles que tem ideias que possam parecer absurdas numa cana de pesca experimentem falar comigo. A sua imaginação é o limite.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

3ª capa na RodMaker Magazine

 

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O mês de Agosto não me tráz férias mas ofereceu-me mais um motivo para me orgulhar do meu trabalho. E desta vez com direito a nome na capa da revista, seguido de um artigo de quatro páginas que escrevi sobre uma cana um pouco diferente do habitual e que construi para o meu amigo Armando. O resultado final é diferente e verdadeiramente custom.

Foi o meu primeiro artigo escrito em inglês. Ainda não vi a versão editada mas palpita-me que deve ter algumas alterações. Isto em português já é o que é quanto mais em inglês…

A foto utilizada na capa é de uma cana que já construi há algum tempo para o meu amigo João Carlos Silva e que podem ver ou rever aqui. No interior podem ser vistas mais algumas fotos da mesma cana.

Ver o meu trabalho ser escolhido pela terceira vez para capa da maior publicação a nível mundial dedicada ao robuilding é sem dúvida uma honra e um orgulho enorme para mim e para a minha família e amigos, especialmente para a minha esposa Rute que muito me tem aturado ao longo destes anos de dedicação a esta paixão, sem ver frutos das infindáveis horas e recursos financeiros gastos neste contínuo processo evolutivo.

E quanto a capas parece que não vai ficar por aqui…