Quero acabar este 2010 da mesma forma como comecei, a trabalhar.
É por essa razão que vos trago hoje duas meninas para me despedir deste ano que foi agridoce mas que me faz ter esperança e acreditar que o 2011 pode ser melhor. Com trabalho, muito trabalho.
Duas canas de embarcada apenas semelhantes na cor. Tudo o resto é diferente.
Vou começar com o Abranches, António Abranches.
Esta apresentação ao estilo do James Bond tem a ver com a maneira como “vesti” a cana: um efeito marmóreo com fundo preto e o branco como cor secundária (a pedido do António), o 1º elemento da cana totalmente coberto com manga retrátil apenas interrompida nas zonas do porta carretos e do gráfico. Este último a fazer lembrar as celebres apresentações dos filmes do famoso 007. Pelo menos a mim faz.
O António foi um cliente de muito fácil trato deixando quase tudo ao meu critério e ao que me pareceu, muito satisfeito com o resultado final.
Mas chega de conversa e vamos ao que interessa.
O blank é nacional, com 3,00m divididos em duas partes mais a ponteira que neste caso são quatro. Duas em carbono e duas em fibra.
Para o batente (a pedido do cliente), fiz duas peças em alumínio com pesos diferentes. Um com uma pérola e outro com o efeito marmóreo preto e branco.
O cabo foi coberto com manga retráctil com anéis por baixo para melhorar a aderência. Uma variação do que costumo fazer e que se estende até à zona do encaixe.
Porta carretos em alumínio da Pacific Bay secundado por duas peças pretas do mesmo material acumulando uma delas a função de prender o anzol.
Um peixe mecânico, os logos habituais e as especificações técnicas compõem o gráfico com aquele aspecto “Bondiano” a que já fiz referência.
Os Fuji K, mais uma vez, foram os escolhidos. Elegantes e robustos como não me canso de dizer.
Esta já está. As fotos deixam um pouco a desejar mas a falta de tempo e a intempérie que se abateu por Setúbal impediram-me de conseguir melhores resultados.
O segundo capítulo de hoje traz mais uma cana de embarcada.
Um cliente e amigo de longa data que há muito tempo falava em adquirir uma Made in Portugal. Foi desta.
Também foram simples os pedidos do Orlando: efeito marmóreo em preto e azul com enrolamentos nos mesmos tons (pedido que só parcialmente cumpri) e um cabo resistente aos maus tratos que os suportes existentes na maioria dos barcos lhes infligem. Aqui está o resultado.
Blank nacional de 3,00 m acompanhado de três ponteiras em fibra, passadores American Tackle, porta carretos Fuji e mais alguns pormenores novos ou pouco habituais nas canas que construo. A cana está pintada em preto baço. Risca-se com alguma facilidade mas resulta muito bem nos contrastes que faz com o brilho da resina.
Um batente simples com uma peça de alumínio e borracha inserido numa peça de EVA que faz parte do cabo.
Desta vez reuni no cabo três materiais diferentes: EVA, alumínio e o tecido plastificado que comecei a utilizar recentemente. O cabo é o que os Americanos chamam de “split grip”, separado em duas partes. Começa com uma peça em EVA que faz a ligação com o batente, seguida por uma inserção em alumínio azul, uma área coberta com tecido plastificado preto com um efeito a lembrar um puzzle, mais uma inserção em alumínio e mais EVA.
A segunda parte do cabo é composta pelo porta carretos em grafite da Fuji, uma peça em EVA e o “prende anzóis” em alumínio.
Uff! Este está cheio de pormenores.
Um gráfico simples com o nome do proprietário, os logos e especificações técnicas e uma imagem abstracta em forma de “X”.
No encaixe, um pequeno detalhe na tentativa de embelezar um pormenor da cana que regra geral é desprezado.
Os passadores utilizados são os meus preferidos. Fabricados nos USA pela American Tackle e aplicados com o efeito marmóreo preto e azul metalizado rematado com enrolamentos em branco e azul. Na ponta, a minha assinatura.
As duas últimas de 2010 estão apresentadas.
Quero aproveitar para agradecer a todos os seguidores do blogue, a todos os que por aqui vão passando para ver o meu trabalho e a todos os amigos, em particular ao João Martins, ao Ernesto, ao Vira, ao Sr Mário e a muitos outros, que em muito contribuíram para que a “7even” e as canas “Made in Portugal” chegassem vivas ao fim do ano e se mantenha a esperança num futuro melhor para todos aqueles que se orgulham de ser Portugueses, que produzem e acreditam que mesmo com poucos recursos é possível fazer um bom trabalho que dignifique o nome de Portugal.
O País não tem culpa das atrocidades que lhe fazem.
Desculpem o desabafo mas foi um ano muito duro e uma batalha que nalguns momentos julguei ser a última.
Para todos, um Ano Novo cheio de saúde e trabalho.