sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Mais duas para a despedida…

 

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Quero acabar este 2010 da mesma forma como comecei, a trabalhar.

É por essa razão que vos trago hoje duas meninas para me despedir deste ano que foi agridoce mas que me faz ter esperança e acreditar que o 2011 pode ser melhor. Com trabalho, muito trabalho.

Duas canas de embarcada apenas semelhantes na cor. Tudo o resto é diferente.

Vou começar com o Abranches, António Abranches.

Esta apresentação ao estilo do James Bond tem a ver com a maneira como “vesti” a cana: um efeito marmóreo com fundo preto e o branco como cor secundária (a pedido do António), o 1º elemento da cana totalmente coberto com manga retrátil apenas interrompida nas zonas do porta carretos e do gráfico. Este último a fazer lembrar as celebres apresentações dos filmes do famoso 007. Pelo menos a mim faz.

O António foi um cliente de muito fácil trato deixando quase tudo ao meu critério e ao que me pareceu, muito satisfeito com o resultado final.

Mas chega de conversa e vamos ao que interessa.

O blank é nacional, com 3,00m divididos em duas partes mais a ponteira que neste caso são quatro. Duas em carbono e duas em fibra.

Para o batente (a pedido do cliente), fiz duas peças em alumínio com pesos diferentes. Um com uma pérola e outro com o efeito marmóreo preto e branco.

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O cabo foi coberto com manga retráctil com anéis por baixo para melhorar a aderência. Uma variação do que costumo fazer e que se estende até à zona do encaixe.

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Porta carretos em alumínio da Pacific Bay secundado por duas peças pretas do mesmo material acumulando uma delas a função de prender o anzol.

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Um peixe mecânico, os logos habituais e as especificações técnicas compõem o gráfico com aquele aspecto “Bondiano” a que já fiz referência.

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Os Fuji K, mais uma vez, foram os escolhidos. Elegantes e robustos como não me canso de dizer.

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Esta já está. As fotos deixam um pouco a desejar mas a falta de tempo e a intempérie que se abateu por Setúbal impediram-me de conseguir melhores resultados.

O segundo capítulo de hoje traz mais uma cana de embarcada.

Um cliente e amigo de longa data que há muito tempo falava em adquirir uma Made in Portugal. Foi desta.

Também foram simples os pedidos do Orlando: efeito marmóreo em preto e azul com enrolamentos nos mesmos tons (pedido que só parcialmente cumpri) e um cabo resistente aos maus tratos que os suportes existentes na maioria dos barcos lhes infligem. Aqui está o resultado.

Blank nacional de 3,00 m acompanhado de três ponteiras em fibra, passadores American Tackle, porta carretos Fuji e mais alguns pormenores novos ou pouco habituais nas canas que construo. A cana está pintada em preto baço. Risca-se com alguma facilidade mas resulta muito bem nos contrastes que faz com o brilho da resina. 

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Um batente simples com uma peça de alumínio e borracha inserido numa peça de EVA que faz parte do cabo.

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Desta vez reuni no cabo três materiais diferentes: EVA, alumínio e o tecido plastificado que comecei a utilizar recentemente. O cabo é o que os Americanos chamam de “split grip”, separado em duas partes. Começa com uma peça em EVA que faz a ligação com o batente, seguida por uma inserção em alumínio azul, uma área coberta com tecido plastificado preto com um efeito a lembrar um puzzle, mais uma inserção em alumínio e mais EVA.

A segunda parte do cabo é composta pelo porta carretos em grafite da Fuji, uma peça em EVA e o “prende anzóis” em alumínio.

Uff! Este está cheio de pormenores.

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Um gráfico simples com o nome do proprietário, os logos e especificações técnicas e uma imagem abstracta em forma de “X”.

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No encaixe, um pequeno detalhe na tentativa de embelezar um pormenor da cana que regra geral é desprezado.

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Os passadores utilizados são os meus preferidos. Fabricados nos USA pela  American Tackle e aplicados com o  efeito marmóreo preto e azul metalizado rematado com enrolamentos em branco e azul. Na ponta, a minha assinatura.

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As duas últimas de 2010 estão apresentadas.

Quero aproveitar para agradecer a todos os seguidores do blogue, a todos os que por aqui vão passando para ver o meu trabalho e a todos os amigos, em particular ao João Martins, ao Ernesto, ao Vira, ao Sr Mário e a muitos outros, que em muito contribuíram para que a “7even” e as canas “Made in Portugal” chegassem vivas ao fim do ano e se mantenha a esperança num futuro melhor para todos aqueles que se orgulham de ser Portugueses, que produzem e acreditam que mesmo com poucos recursos é possível fazer um bom trabalho que dignifique o nome de Portugal.

O País não tem culpa das atrocidades que lhe fazem.

Desculpem o desabafo mas foi um ano muito duro e uma batalha que nalguns momentos julguei ser a última.

Para todos, um Ano Novo cheio de saúde e trabalho.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Surfcasting de volta com o Rei Neptuno e o … Benfica!

 

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Calma que ainda não enlouqueci de vez. As minhas preferências continuam a ser verdes e brancas e cada vez mais na vertical.

Mas ser profissional obriga a alguns sacrifícios.

O Benfica fica para o fim. A cana da realeza em primeiro lugar.

O meu amigo Helder resolveu oferecer a si mesmo uma “Made in Portugal” de Surfcasting.

Bom rapaz, conhecedor de peixe como poucos por obrigação profissional e também por passar grande parte do seu tempo livre na pesca.

Foram pedidos simples os que fez para a sua menina: Rei Neptuno no gráfico, enrolamentos em marmoreado branco e prata e, se possível, o blank em azul. O resto ficou ao meu critério.

Sem mais delongas que a entrada de hoje é dupla, aqui fica a primeira da noite.

O batente foi feito com uma das habituais peças de alumínio e rematado com o efeito marmóreo e os enrolamentos feitos em quatro cores: dois tons de azul, prata e branco.

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O cabo foi todo coberto com manga retráctil com um relevo em forma de diamante por baixo.

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O alumínio volta a estar presente no porta carretos. Parte central personalizada com enrolamentos e efeito marmóreo, enquadrado no meio de duas peças também de alumínio. Dos meus preferidos.

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Neptuno é a figura principal do gráfico, acompanhado pelo nome do proprietário e os habituais logos e especificações técnicas. O efeito holográfico resultou muito bem nesta composição.

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Os passadores Fuji cromados combinaram na perfeição com o efeito marmóreo branco e prata. Acrescentei-lhe quatro riscas com dois enrolamentos cada, sempre com o prateado presente e alternando dois tons de azul. Criou um belo efeito.

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Uma bonita cana de Surfcasting e uma bela prenda de Natal para o Helder que, entretanto, foi pai pela segunda vez. Ao casal os meus parabéns.

Agora, o Benfica!

O Arménio cometeu a proeza de fazer 300km para me trazer uma cana para refazer e outra para reparar. Merecia toda a minha dedicação e empenho apesar das preferências avermelhadas.

Normalmente só vos falo de canas novas mas vou abrir uma excepção para esta porque o resultado final é muito bonito.

A cana em questão é uma Grauvell de Surfcasting com uma fantástica pintura no blank. Mas o resto não estava à altura.

O Arménio queria resolver um problema com o alinhamento dos passadores e personalizar a cana com novos enrolamentos, um gráfico com o nome dele e mais uma alusão ao Benfica.

Pois bem, apesar de a princípio ter sido difícil encontrar inspiração para fazer o gráfico, tenho que confessar que a imagem ficou lindíssima. Nunca pensei juntar os termos “Benfica” e “lindíssimo” no mesmo texto.

Todos os enrolamentos foram feitos com um efeito marmóreo a três cores: cobre, branco nacarado e preto. O resultado foi este.

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No cabo existia uma pega ergonómica feita em EVA que eu cobri com o mesmo efeito e rematei com três enrolamentos em cobre, prata e branco.

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O porta carretos Fuji ficou assente num leito de epoxy e com os enrolamentos feitos com as cores já referidas.

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O gráfico resulta da fusão de quatro imagens relacionadas com o Benfica: uma das equipas que venceu a Taça dos Campeões Europeus, o capitão a levantar o troféu, o Eusébio no fundo e o próprio emblema apenas em prateado e vermelho. No meio do gráfico, o nome do proprietário - Arménio Gonçalves.

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Os espetaculares Fuji Low Rider ganharam vida com este acabamento.

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Pormenores que mudaram radicalmente o aspecto da cana. Deixou de ser mais uma entre tantas para passar a ser única. No Mundo.

Estão assim apresentadas mais duas meninas. Uma nova e uma remodelação que achei que também merecia as luzes da ribalta.

Aproveito para desejar a todos um Santo e Feliz Natal, repleto de saúde.

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Antes do final do ano ainda aqui vão chegar mais umas quantas meninas que estão atrasadas.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Duas canas deliciosas

 

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Calma! Não mudem de blogue. As Made in Portugal são aqui mesmo.

Este é o tema mais fora do comum que já coloquei numa cana. E confesso que me assustei com o pedido!

À primeira vista poderá parecer estranho escolher os deliciosos pastéis de nata para tema de uma cana de pesca ou melhor, para duas canas de pesca, mas depois de vos contar uma pequena história, vão perceber porquê.

O João Carlos Silva já namorava as Made in Portugal há algum tempo. Quando finalmente se decidiu, encomendou duas canas para pesca embarcada: para ele e para o seu companheiro de faina, Horácio Afonso.

Os “blanks”, em conolon nacional, com 3,00m divididos por duas partes e três ponteiras (duas em carbono e uma em fibra), passadores Fuji K e porta carretos da mesma marca ou similar.

Como condição pediu que o tema fossem os pastéis de nata e ambas tivessem no gráfico o nome “Gang do Pastel de Nata”, pois antes de embarcarem rumo às suas pescarias invariavelmente abastecem o barco com alguns pastéis de nata.

Após o choque inicial, comecei a achar o tema engraçado e associado às ideias que comecei a ter chegaram as sugestões do João e da sua companheira Maria João. Muitas!

Isto causou um problema com que nunca me tinha deparado e que me bloqueou um pouco: estava com excesso de ideias para apenas duas canas.

Foi um processo difícil de organizar, que fez com que a meio da construção acabasse por desistir de uma das canas que já ia a meio e a recomeçasse, já que o resultado não era do meu agrado. Bem, na realidade nunca é. Fico sempre com a sensação de que poderia ter feito muito melhor.

Depois de organizadas as ideias, os trabalhos começaram a fluir e os resultados foram os que vou passar a mostrar.

Apesar do pedido inicial do João para fazer ambos os cabos em cortiça, optei por fazer um deles com um novo material que, não sendo fabricado propositadamente para a construção de canas, se adapta perfeitamente. Resistente, impermeável e com cores e padrões variados que me permitem “voar” um pouco. Este cabo é uma estreia mundial.

O batente escolhido foi uma peça de alumínio preta com um pequeno pastel de nata embutido. Ora vejam.

 

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Escolhi um porta carretos em alumínio preto e laranja, ao qual retirei a parte central onde coloquei material igual ao do cabo com o nome do dono da cana, neste caso o João. Nas extremidades, duas peças de alumínio preto. Confesso que até agora este porta carretos é o meu favorito.

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O gráfico é um dos poucos pontos comuns das duas canas.

Para um tema tão invulgar, tive que tirar algumas fotos a pastéis de nata. Obviamente que depois de utilizados não os poderia deitar fora. Como resultado ganhei mais um acrescento ao pneu já existente. Ossos do ofício.

A ideia foi ter um pastel fisgado por um anzol empatado numa linha que desenha as letras “Gang do Pastel de Nata”. No mínimo, original!

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Os passadores como não podia deixar de ser são os Fuji K com um enrolamento feito em preto, cobre, castanho e branco. Simples como se impunha devido ao facto de as estrelas desta cana serem o cabo e o porta carretos.

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Está feita a primeira estreia mundial aqui no “Canas Made in Portugal”.

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Depois de terminada a cana do João e olhando para o resultado final, o grau de dificuldade da segunda cana subiu e muito.

Impunha-se um cabo em cortiça que se distinguisse de todos os outros e um porta carretos e enrolamentos diferentes.

O cabo desta menina foi feito e desfeito quatro vezes até ficar como queria: uma espécie de “quadri split”, ou seja, partido em quatro partes com peças de alumínio a preencherem os intervalos.

O batente é do mesmo material, com o pastel de nata embutido.

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O porta carretos em grafite e alumínio da Pacific Bay foi personalizado na parte central com um enrolamento idêntico ao que vai decorar o resto da cana: em laranja, branco e preto, com o nome do proprietário - Horácio Afonso.

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O gráfico é exactamente igual ao da primeira, com excepção dos enrolamentos.

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Os enrolamentos revelaram-se outra dor de cabeça tantas eram as combinações possíveis de fazer. Acabei por fazer dois enrolamentos diferentes com base nas três cores atrás referidas.

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E o resultado final foi este.

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Para além da originalidade do tema das canas o acto da entrega também foi único.

Pastéis de nata e o respectivo moscatel de Setúbal, oferecidos pelo João, fizeram parte da cerimónia de entrega e transformaram o acto numa pequena festa. Na foto os orgulhosos (julgo eu) proprietários das minhas meninas.

Na foto de baixo o meu herdeiro mais novo (e ajudante!) fez questão de fazer notar a sua presença.

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Estão assim apresentadas duas canas muito especiais e que marcam a passagem para um nível superior em relação à qualidade de construção dos meus cabos e à apresentação de novas soluções para os mesmos.

Ao João quero agradecer a confiança depositada no meu trabalho, os pasteis de nata e o moscatel que ainda acompanhou a redação desta entrada.

As próximas já estão prontas, fotografadas e entregues aos donos. Em breve também estarão por aqui para se mostrarem.