sexta-feira, 23 de abril de 2010

Reparações, inovações e mais um teste!

 

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À medida que vou construindo novas canas, tenho que encontrar tempo para as reparações, para a minha constante procura de novos materiais para utilizar nesses trabalhos e identificar outras formas de melhorar o serviço que presto aos meus clientes. São alguns destes pequenos mas importantes passos que vos quero relatar hoje.

Comecemos pelas reparações.

Desde canas antigas e com grande valor sentimental até à cana comprada na Loja do Chinês, chega à minha oficina um pouco de tudo. Mesmo correndo o risco de ser mal interpretado, confesso que em muitos casos tento desencorajar os donos da ideia de as reparar. Ou a cana não a justifica ou, pura e simplesmente, o custo será demasiado elevado.

Mas também me chegam canas para fazer melhoramentos que me dão um particular gozo. Principalmente nas canas telescópicas. As montagens à italiana são as minhas favoritas.

Alguns exemplos:

A primeira foto é de uma cana da Sert que estava globalmente em mau estado. Depois de uma limpeza geral, substitui os passadores. Foi gratificante ouvir o cliente exclamar que estava melhor do que nova.

A segunda foto é de uma 7even First Edition, de um cliente, que sofreu um acidente. Aproveitei o facto e refiz os enrolamentos de todos os passadores. Esta digo eu que ficou melhor do que estava.

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Há também algumas que têm dedicatória. Esta que vos mostro a seguir é um belo exemplo disso. Um mimo para uma esposa que ficou feliz com o resultado. Uma Sert que vinha em mau estado e a precisar de passadores novos. Aqui utilizei uma nova técnica que consiste na inserção de flores metálicas nos enrolamentos.

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Depois, também recebo aquela cana “emprestada pelo amigo e que acidentalmente se partiu”. Foi o caso desta Sea Princess que me chegou com o cabo partido em dois. Missão difícil mas cumprida. No final, nem se percebia a zona onde isso tinha sucedido.

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Estes são apenas alguns exemplos de reparações em que também aproveito para ir inovando o meu trabalho.

Foi em busca dessa inovação que resolvi criar um elemento que estava em falta nas Made in Portugal: um saco a condizer. Verde e com o meu logo em letras vermelhas. O tecido é de boa qualidade e o fecho é feito com velcro. Completamente feito à mão e em Portugal.

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Será que se justifica? Digam-me lá, uma cana que supera o teste que lhes vou contar a seguir não merece mesmo um saco especial?

Eu andava com vontade de repetir com a cana de 3,00 m o teste que realizei com uma de 2,40 m e que tive a oportunidade de vos relatar numa entrada anterior. Aproveitei um final de tarde mais parado, montei uns passadores com adesivo, um porta carretos só encaixado e também sem colar o encaixe das secções da cana. Tudo muito provisório uma vez que estava convencido que a iria partir.

A primeira tentativa foi feita com 7,5 kg, peso idêntico ao máximo levantado pela de 2,40 m. Sem o mínimo problema.

A etapa seguinte foram os 10,380 kg!

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É desta que parto a cana... Óculos postos para precaver a eventual projecção de pedaços da cana e força. Muita força. Mais do que julguei ser necessário. E levantar os 10,380 kg, só o consegui em cima de uma cadeira alta.

Meus caros amigos, esta é sem dúvida uma grande cana, com um poder realmente só ao alcance dos mais modernos carbonos, dos que custam o preço de um mês de férias na Costa Alentejana. Mas esta é feita aqui mesmo. Em Portugal.

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Desta vez o fotógrafo de serviço foi o meu amigo Ernesto Lima que também ficou um pouco incrédulo com este feito.

Aproveito também este escrito, um pouco diferente do que tem sido habitual por aqui, para vos deixar um link a um fórum americano de construtores de canas.

http://www.rodbuildingforum.com/index.php?showforum=10

Nas páginas deste fórum, os tópicos que têm como autor “7even seas” respeitam a canas construídas por mim. Neles poderão ler o que pensam daquilo que faço por cá. Espreitem e depois, se quiserem, digam qualquer coisa.

Já vai longo o discurso mas havia uma série de pequenas coisas que queria trazer ao vosso conhecimento por achar que são importantes na vida das Made in Portugal.

A próxima está meio feita e a caminho do estrelato!

Não vão ter que esperar muito...

domingo, 18 de abril de 2010

Guerreiro da Areia

 

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Devido ao desenho geográfico da nossa costa, quem pratica Surfcasting por norma precisa de fazer caminhadas mais ou menos longas acompanhados do respectivo material necessário a uma jornada de pesca. Para chegar a alguns pesqueiros é ainda necessário fazer um enorme esforço físico e possuir alguma capacidade (muita) de sacrifício. Os níveis de paixão por esta disciplina têm que ser muito grandes para superar as muitas dificuldades que se encontram para chegar aos melhores locais de pesca.

Estas longas caminhadas acabam muitas vezes com a constatação de que o mar não apresenta condições para pescar ou numa bela grade. Esforço inglório ou desnecessário? Nada disso. A camaradagem existente, o contacto com o mar e as longas conversas mantidas ora com o companheiro do lado, que por vezes não passa de um perfeito desconhecido, ora com o mar que tão bom ouvinte é justificam todos estes esforços. Por vezes inglórios. O peixe? Por vezes também aparece. Esta é uma pesca que se faz pelo puro prazer de pescar.

Por estas razões há algum tempo atrás saiu-me meio a brincar a expressão Guerreiros da  Areia para definir os pescadores que sofrem desta paixão. Assenta na perfeição!

Não muito depois, comecei a imaginar uma cana que pudesse servir de homenagem aos Guerreiros. Faltava apenas tempo e o blank certo.

Pois bem o tempo apareceu assim como o “blank”.

A “Sand Warrior” estava prestes a nascer.

O nome em inglês tem como justificação o facto de eu apresentar as minhas canas em alguns fóruns americanos onde tenho vindo a divulgar o meu trabalho em busca de novos horizontes.

O “blank” é um 7even de três partes que perfazem 4,50m com uma acção de ponteira e com capacidade de lançamento até 200gr, 100% carbono e pintado de preto.

Escolhi como cores dos enrolamentos o azul metálico em representação do mar, o dourado metálico para a areia e o laranja em polyester para o sol.

No batente uma novidade! Uma peça em alumínio azul com a inscrição “Sand Warrior” e duas pequenas riscas douradas. Por cima em forma de remate, um enrolamento com as três cores escolhidas.

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  Para porta carretos escolhi um esqueleto em grafite com a parte central personalizada com enrolamentos nas cores escolhidas e um pequeno gráfico. A emoldurar, duas peças em alumínio com os respectivos enrolamentos.  

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No gráfico tentei transmitir aquilo que representa ser um Guerreiro da Areia. Escolhi um guerreiro medieval com o brasão das cruzadas estampado no peito. Coloquei uma cana em uma das mãos, equipada com carreto e montagem. O resultado final implica que vos mostre ao pormenor para vossa apreciação.

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Passadores cromados com anéis em Sic e para contrastar com a predominância de azul no cabo, o dourado domina apenas invadido por umas pequenas riscas azuis e laranja.

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Uma merecida homenagem a todos os amantes desta disciplina que pelas suas características requer enormes doses de sacrifício e paixão.

Espero que gostem tanto de a ver como eu gostei de a fazer.

Como já é habitual a próxima está quase e mais uma vez com uma incursão por mares nunca dantes navegados.

domingo, 11 de abril de 2010

Desta vez a loucura é vermelha!

 

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Na continuação do tempo livre proporcionado pelo atraso na preparação dos “blanks” nacionais, aproveitei para terminar um projecto iniciado há algum tempo atrás e ao mesmo tempo fazer mais uma experiência com um acabamento diferente. Parecido com o da cana anterior mas diferente no resultado final.

As cores são invariavelmente ligadas aos clubes de futebol. Até mesmo nas canas de pesca. A Green Madness não deixou de ser ligada ao meu Vitória e ao Sporting. Canas azuis já fiz algumas. Faltava a vermelha.

Confesso que não foi feita com essa intenção mas em ano de campeão vermelho (só falta perceber se mais a sul ou a norte) esta cana pode até servir de homenagem antecipada ao vencedor.

Aproveitando um pequeno “blank” de origem asiática em carbono, com 2,40m divididos em 2 partes, resolvi  construir uma pequena cana para pesca embarcada com duas ponteiras em fibra de vidro. Este blank é muito leve e com uma acção parabólica bastante interessante.

Para a decoração dos enrolamentos resolvi fazer um efeito marmóreo em duas cores, sendo o branco a cor escolhida para fundo (para mim a cor mais difícil de fazer com o epoxy) e o vermelho metálico como contraste. O aspecto de um rebuçado onde as cores se misturam sem se misturarem era o efeito que procurava. Estranho? Nem por isso. Apenas não queria que a mistura do branco com o vermelho desse origem a zonas cor de rosa. E consegui.

Começando pelo batente que desta vez foi feito com uma peça em alumínio e uma peça de Eva, vermelha, esculpida. A rematar, o efeito marmóreo com alguns enrolamentos em prata e vermelho.

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No porta carretos escolhi novamente o alumínio, ladeado por Eva vermelha e os respectivos adornos em branco e vermelho. A secção interior do porta carretos foi personalizada.

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Nos gráficos do cabo optei mais uma vez pela colocação de uma imagem abstracta que ao sol fica lindíssima, o nome “Calíope” (uma das nove musas da mitologia grega), a informação técnica e os logos da 7even e das Made in Portugal, tudo emoldurado no mesmo efeito.

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Os passadores, como não poderia deixar de ser, são cromados para uma perfeita conjugação com as cores escolhidas e com os alumínios.

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Para terminar, as duas ponteiras em fibra de vidro. Uma branca e outra preta, com duas acções diferentes e com enrolamentos em vermelho metálico.

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Mais uma das minhas meninas, diferente do habitual mas com um resultado final muito atraente e a que uma vez mais as fotos não fazem justiça.

Enquanto vos relato esta nova história, a próxima Made in Portugal já está a secar. Também muito diferente do que vem sendo habitual.

Não saiam dos vossos lugares!

domingo, 4 de abril de 2010

Loucura verde

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De algum tempo para cá as encomendas de Made in Portugal que tenho recebido não me têm permitido construir canas para colocar à venda na loja.

É importante que alguém que por aqui passe encontre trabalho meu exposto. E fazer canas livremente (entenda-se sem cliente final pré-definido) permite duas coisas: tenho oportunidade de divagar um pouco nas cores, gráficos e mesmo nos componentes extra que posso colocar e aproveito ainda para experimentar novas técnicas.

Confrontado com um interregno forçado provocado pelo atraso na pintura de alguns “blanks”, joguei mãos à obra e comecei quatro canas. Duas já estão acabadas e as outras bem encaminhadas. Assim o Quim (o pintor) se mantenha atrasado e rapidamente as termino.

Mas hoje vou apenas apresentar-vos uma delas: a Green Madness.

Aqui por Setúbal e arredores praticam-se alguns tipos de pesca que necessitam de canas com algumas particularidades. Vejamos:

- pesca à chumbadinha nas zonas rochosas da Sécil, que requer uma cana sensivel, relativamente leve mas ao mesmo tempo poderosa;

- pesca em praias de mar aberto mas ainda muito abrigadas pela serra da Arrábida, que permitem uma pesca que tanto se pode praticar com uma chumbada de 30 gr ou uma de 100 gr e canas mais curtas do que as habituais de surfcasting;

- spinning pesado ou corrico, para o pessoal da velha guarda, que requer uma cana boa lançadora e com um peso comportável e confortável.

Pois bem, juntar na mesma cana sensibilidade, poder de lançamento, força e alguma leveza, não é tarefa fácil!

Mas as “Made in Portugal” não param de surpreender.

Escolhi um “blank” com 3,10 m em conolon nacional dividido em duas partes. Na secção superior fiz uma alteração: construi uma ponteira híbrida, sendo os últimos 40 cm em fibra de vidro maciça. Objectivo? Dar-lhe sensibilidade sem retirar a força que caracteriza estes “blanks”.

Para o batente optei por uma peça em alumínio que cobri com epoxy e uma pequena secção de Eva (a esponja preta utilizada nos cabos) rematada com epoxy de efeito marmóreo e os respectivos enrolamentos em três tons de verde. Este efeito é uma variação do efeito marmóreo habitual feito com duas cores diferentes de epoxy. Neste caso, utilizei preto e brilhantes verdes com um resultado final a que as fotografias não fazem justiça.

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No porta carretos optei por usar apenas um esqueleto em grafite e personalizar com o mesmo efeito a secção do meio. Para remate, dois pequenos pedaços de Eva esculpidos em formas ovaladas e os enrolamentos.

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Para os gráficos optei por escolher uma imagem em tons de verde, com círculos de vários tamanhos e tons da mesma cor. O resultado final faz com que se passe muito tempo a olhar para os reflexos que faz ao sol. A bandeira nacional e o logo da 7even assim como os dados técnicos e o nome da cana completam o conjunto.

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Os bonitos passadores Low Rider finalizam o hardware escolhido, sempre com os enrolamentos em três tons de verde a acompanhar.

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A ponteira em fibra de vidro maciça termina a cana. Nos passadores finais, alonguei o tom de verde quase fluorescente para uma melhor visibilidade.

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E é assim o resultado final de mais esta Made in Portugal.

Depois de experimentar a cana com alguns lançamentos posso afirmar que, apesar de lhe ter atribuído uma acção de lançamento até 100 gr, pode facilmente lançar pesos maiores e com bastante eficácia. Ficou forte, muito forte, sensível e boa lançadora. Ainda por cima esta é verde e está muito bonita. As fotos não lhe fazem justiça. Passem por cá e confirmem. As coordenadas da 7even são as seguintes: Latitude – 38º31´16.96”N

                Longitude – 8º 53 41.96 “W

Introduzindo as coordenadas  no Google Earth poderá facilmente encontrar o caminho para a casa das Made in Portugal.

A próxima já está feita e a aguardar a respectiva sessão fotográfica.

Fiquem atentos porque não demora.