Como alguns já devem ter percebido, não sou capaz de encontrar uma forma de fazer bem as minhas canas e depois limitar-me a construir réplicas com algumas nuances de cores e materiais. No fundo, isso é o que fazem quase todas as fábricas e marcas, sendo que algumas nem se dão ao trabalho de desenvolver os seus produtos, limitando-se a copiar os sucessos dos outros. Uma cana personalizada deve ser o oposto.
Esta busca quase constante de novos materiais e formas de fazer ou de acrescentar algo de novo estética ou estruturalmente é dispendiosa, cansativa (muitos são os insucessos das novas experiências) mas ao mesmo tempo gratificante e motivadora. Quando aplico algo novo e resulta, todo o esforço e falhanços anteriores são esquecidos.
Estes melhoramentos e inovações podem ser simples enrolamentos executados de forma diferente ou a aplicação de novos materiais ou mesmo formas de concepção diferentes no que respeita à construção.
Nesta cana, “Espinha” de seu nome, utilizei tudo isto. Um novo tipo de enrolamento, novos materiais e uma nova concepção.
Para muitos dos que vão seguindo o meu trabalho, a reacção a algumas destas novidades será tipicamente portuguesa: “ Isso? Eu também faço. Não custa nada.”
É o melhor indício de que estou no bom caminho.
A “Espinha” é uma cana para pesca embarcada com 2,70 m, duas partes mais ponteira. O “blank” em conolon nacional e as ponteiras em fibra de vidro. Passadores Fuji e porta carretos em grafite.
Para o batente escolhi uma pequena peça em alumínio e um pequeno esqueleto de um peixe por baixo da manga retráctil.
O cabo foi todo coberto com manga retráctil com diamantes em relevo para um maior conforto e para evitar que a cana escorregue quando estiver molhada.
A escolha do porta carretos recaiu num modelo simples mas eficaz, em grafite, ladeado por enrolamentos em azul e preto, trabalhados em simultâneo na sua parte central.
No gráfico, o esqueleto de um peixe, o logo da 7even, a bandeira nacional e as especificações técnicas. Com um resultado final simples mas com uma nota de humor que me agradou bastante.
O encaixe foi feito com fibra de vidro e reforçado nas extremidades de ambos os elementos da cana com enrolamentos cobertos de epoxy.
O primeiro passador surge já no 2º elemento. Após algumas experiências, gostei mais do comportamento da cana com o passador colocado desta forma, tal como já o tinha feito na “Blue Flame”.
Os passadores Fuji, pretos com a porcelana em Hardloy, combinam na perfeição com as cores escolhidas para os enrolamentos.
Duas ponteiras em fibra de vidro completam a cana. De acções diferentes e com ligeiras alterações de posição dos passadores, também Fuji.
O resultado final é uma cana de pesca embarcada com acção parabólica progressiva, com o poder que já conhecemos e com alguns pormenores diferentes e inovadores. Gosto particularmente dos enrolamentos e do pequeno esqueleto de peixe no cabo.
Mais inovações estão a caminho. A busca continua.
A chegada à Europa de algumas empresas americanas que fabricam “blanks” abrem outras perspectivas e permitem que em breve possa oferecer, para além das canas em conolon, canas para todas as vertentes do Spinning e Casting e mesmo canas de Fly.
As próximas não tardam a fazer a sua aparição por aqui.