sábado, 27 de novembro de 2010

Uma cana para um gentleman

 

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Construir canas é para mim muito mais do que um meio de subsistência. O que faço, faço com paixão. Sou um daqueles felizardos que se levanta encantado por serem novamente horas de ir trabalhar.

Aliado a este privilégio está um outro.

Construir uma cana personalizada implica uma aproximação ao cliente. Procuro saber o que o motiva para fazer determinadas escolhas, tento perceber com quem estou a lidar para assim melhor poder direccionar o meu trabalho de forma a que a sua satisfação seja plena. Ou quase.

Essa aproximação proporciona-me também um melhor conhecimento das pessoas e a percepção que algumas, pela história de vida que as acompanha, são fascinantes.

É o que aconteceu com o Fernando Soeiro.

Apesar de já conhecer o Fernando há algum tempo e de ter ouvido aventuras suas passadas em África, outras tantas na Madeira e muitas nas terras de Sua Majestade, com a encomenda de uma cana de Surfcasting e com o habitual entusiasmo que ele coloca em tudo o que faz apesar dos seus 64 anos, houve inevitavelmente a tal aproximação.

As histórias de pesca são uma constante, principalmente as que envolvem o Big Game (a sua grande paixão) e tudo o que o rodeia. Uma paixão que o leva ao extremo de possuir uma colecção de canas, carretos e amostras para esta disciplina que é, no mínimo, impressionante.

Após expressar a sua vontade de adquirir uma das minhas canas, decidimos muito facilmente como iria ser a sua primeira (já estou a tratar da segunda...) Made in Portugal: cana de Surfcasting, com um blank de 4,20m cor de vinho, passadores Fuji K, porta carretos em alumínio e enrolamentos em prata e preto. O gráfico com um robalo e o seu nome. Apenas uma exigência fora do normal, a minha assinatura tinha que estar presente na cana. Simples!

Aparentemente.

Onde vou eu encontrar um blank cor de vinho?

Depois de consultar todos os possíveis fornecedores de blanks deste género, encontrei o que pretendia mas em cinzento. Com o tamanho certo e com uma ponteira enxertada com carbono maciço. Já vos mostro como ficou.

Desta vez escolhi para o batente uma peça em alumínio na sua cor natural, ornamentada com dois enrolamentos em prata, preto e cor de vinho. No meio deles a minha assinatura. O cabo foi todo forrado com manga retráctil com um enrolamento em diamante por baixo.

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Porta carretos de alumínio, emoldurado por duas peças do mesmo material e pelos respectivos enrolamentos.

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O gráfico desta vez é bem simples. Um robalo, o nome do cliente sublinhado por uma pequena onda de chapa e os habituais logos e especificações técnicas.

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Os encaixes de espigão, como eu entendo serem melhores e mais eficazes para as performances das canas, e os respectivos reforços feitos com enrolamentos. Na segunda foto, é visível a bonita cor de vinho com que pintei o blank.

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Os elegantes Fuji K, com um difícil enrolamento pela quantidade de pequenas listas com poucas voltas de linha, completam esta simples mas elegante cana.

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Já percebi que há canas que não gostam de ser fotografadas e esta foi a mais difícil até agora. Envergonhada ao ponto de me fazer repetir por 5 vezes a sessão fotográfica e mesmo assim não fiquei satisfeito.

Agora resta-me cumprir a promessa que fiz ao Fernando: temos que ir pescar para estrear a cana antes de ele a retirar para o seio da sua colecção.

Hoje entreguei mais duas das minhas meninas. Clientes satisfeitos com duas canas “deliciosas”.

Estranho adjectivo para uma cana? Em breve vão perceber.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Deep Water – A cana (quase) ideal

 

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Cada nova encomenda encerra em si mesma uma pequena caixinha de surpresas. No caso da “Deep Water” foi uma bem grande.

Quem conhece o Mário Baptista sabe que aquela cabeça não pára. As ideias estão continuamente a surgir em catadupa. Verdade seja dita que pouca coisa se aproveita… (hehehehehe). Desta vez, porém, a coisa saiu-lhe bem. Diria mesmo, muito bem.

É do conhecimento geral que a cana ideal é inteira. Sem cortes ou secções que interfiram no trabalho do blank. O problema é o transporte.

Não existindo esse problema, construir uma cana para pesca embarcada com 3,00m, inteira, pareceu-me boa ideia apesar das dificuldades de manobra dentro da minha oficina com um blank desse tamanho.

Como é seu hábito, o Mário apresentou-me as coisas bem definidas em relação ao que queria na cana: 3,00m, inteira, decoração a preto com pormenores em azul, o nome “Deep Water”, componentes Fuji e aparência discreta.

Como acontece sempre, construir uma cana para um amigo não é fácil mas julgo que o resultado final agradou ao Mário.

Para o batente, escolhi uma peça em alumínio azul com o enrolamento em preto e duas tonalidades de azul. Tudo linha metalizada, tamanho A.

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No cabo, uma novidade! A juntar à habitual manga retráctil, coloquei o nome da cana em relevo. Ao mesmo tempo que melhora a aderência cria um aspecto completamente inovador e único. Na foto, não é muito perceptível.

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O porta carretos Fuji, em grafite, sem peças metálicas, garantindo um bom funcionamento mesmo com os habituais maus tratos que o sal dá, foi o escolhido. Duas peças de alumínio azul acompanhadas dos respectivos enrolamentos, rematam o conjunto.

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O nome “Deep Water” é a figura central do gráfico constituído por um fundo azul, que pretende dar a ideia de se estar no fundo do mar a olhar para cima, em direção ao sol. O nome do proprietário e os habituais logos e indicações técnicas são os restantes elementos.

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Para os passadores a escolha recaiu nos Fuji K . Na zona da ponteira apliquei micropassadores, também da Fuji.

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A cana (quase) ideal está apresentada.

Apesar de simples, uma menina especial por ser a primeira com estas características, pela nova técnica que utilizei na manga retráctil do cabo e por ser mais uma cana para um amigo.

Já estão mais algumas prontas e a aguardar a sua vez de se apresentarem aqui. Breve breve, mais uma das minhas meninas de surfcasting vai aparecer.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Tempo de Spinning – duas propostas diferentes

 

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Para acabar com um jejum mais ou menos longo de canas de Spinning, nada melhor do que uma dupla.

Duas abordagens muito diferentes mas com a mesma base: um “blank” de origem asiática com 3,00m e uma acção 30-60gr.

Para dois clientes tão diferentes como o resultado final nas respectivas canas.

A primeira serviu para presentear um namorado que já é dono de uma Made in Portugal, o Jorge Bolito.

A namorada do Jorge, a Tânia, pediu-me uma cana com tons de azul, com a frase “Pescaste o meu coração” e um coração azul.

A segunda é para um novo cliente, o Bruno Nogueira.

O Bruno apenas me pediu uma cana discreta em preto e uma risca prateada.

Quanto aos componentes, os mesmos: cabo em cortiça e passadores e porta carretos da Fuji.

Mas melhor do que descrever só mesmo mostrar o resultado. Com fotos.

Os batentes são em alumínio. O da cana do Jorge, azul, com um pequeno coração embutido; o da cana do Bruno, cinzento, simples, integrado no conjunto.

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Ambos os cabos foram feitos em cortiça: na cana do Jorge, mais curvilíneo e exuberante, na do Bruno, elegante e discreto. 

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Os porta carretos da Fuji são iguais, diferindo apenas no acabamento da parte superior. Na cana do Jorge tem cortiça e uma pequena peça de alumínio azul e na do Bruno apenas cortiça.

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No gráfico começam as grandes diferenças.

No do Jorge, o destaque vai para a frase “Pescaste o meu coração”, assim como para um coração fisgado por um anzol empatado com uma corrente. Um marmoreado em preto e nacarado com três pequenas riscas em pérola e dois tons de azul compõe os enrolamentos inseridos em toda a cana. No do Bruno, apenas o seu nome acompanhado por umas ondas prateadas com um leve toque de azul. Os enrolamentos em preto, dois tons de cinza e uma pequena risca prateada.

Os habituais logos e especificações técnicas são comuns aos dois gráficos.

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Os passadores, Fuji, sendo o primeiro de duas patas e os restantes monopata. Na cana do Jorge, um marmoreado preto e nacarado e riscas azuis e perola fazem os enrolamentos. Na do Bruno, preto, dois tons de cinza e uma pequena lista prateada.

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Estão apresentadas mais duas meninas. Muito diferentes mas iguais nos componentes e na sua essência..

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Depois do Spinning, a pesca embarcada vai estar de volta com uma cana no mínimo diferente do habitual.

Não demora nada!