Desde que comecei a construir canas com “blanks” nacionais fiquei curioso acerca das suas reais potencialidades.
Resolvi por isso fazer-lhes uns testes de levantamento.
Deixem-me dizer-vos que nunca percebi bem qual a utilidade de tais testes. Fisicamente é virtualmente impossível um homem normal levantar um peixe acima dos 2 ou 3 kg e içá-lo para bordo de um barco ou para cima de uma muralha ou pedra onde esteja a pescar. Mas deixei-me levar pelo entusiasmo e coloquei uma das minhas meninas à prova. E que prova!
No penúltimo dia de Dezembro, aproveitando o mau tempo e alguma ressaca provocada pela ausência de pesca, resolvi testar até aos limites uma destas canas. Escolhi uma de 2,40m.
Passadores colocados de forma provisória (com fita adesiva) assim como o porta carretos, o encaixe solto sem estar colado e uma ponteira de fibra de vidro também improvisada. Se a coisa corresse mal pouparia assim umas horas de trabalho.
Para testemunhar os testes aproveitei a presença do Humberto e do Ernesto que por aqui tinham passado para matar tempo e sonhar com as pescarias que estavam para vir. O Humberto acabou por ser o fotógrafo de serviço.
Iniciei a série com 2,250kg. Achei bastante satisfatório mas muito aquém do que suporta tal era a facilidade com que o fazia. A foto de abertura ilustra isso mesmo.
Feito o primeiro levantamento com muita facilidade, a fazer lembrar os Halterofilistas nos Jogos Olímpicos que levantam sempre o primeiro peso sem grande esforço , resolvi começar a tornar as coisas mais interessantes: 3,822kg.
“É muito peso” comentava o Humberto com alguma preocupação. Não importava. O objectivo era chegar ao limite.
E este ainda não seria o seu limite. Mais uma vez e com relativa facilidade a Made in Portugal superou a prova.
Por questões de segurança a partir deste levantamento usei uns óculos. Quando se parte uma cana que está sob uma tensão tão grande, existe uma forte possibilidade de haver projecção de pequenos pedaços de fibra que podem causar ferimentos.
As minhas testemunhas estavam a ficar surpreendidas com a performance desta minha Made in Portugal.
A próxima etapa levou-nos até aos 5,015kg que estão ilustrados na foto seguinte.
“Desta é que parte!”, palpitou o Humberto. E partiu. A linha! O 0,40mm já vincado pelos testes anteriores não resistiu ao esforço. Coloquei no carreto alguns metros de 0,70mm para não ter mais problemas.
Comecei por tentar levantar uma segunda vez o mesmo peso com os pés no chão mas logo percebi que já não tinha braços suficientemente longos para o fazer. Subi para uma cadeira. E adivinhem… Sem qualquer problema! Nem pareciam 5 kg. Para a cana, porque a mim já me começavam a tremer os braços.
Não me dei por satisfeito. Queria realmente atestar as reais qualidades halterofilisticas da cana. Mais chumbo.
Com mais 1,047kg perfazia agora um total de 6,062kg. Um peso de respeito para qualquer cana.
E esta realmente é uma cana que quer impor respeito! Sem apresentar qualquer indício de estar prestes a ceder, os 6 kg também não foram problema.
Tudo o que viesse a partir de agora já seria excepcional!
Os meus companheiros de teste acharam que já chegava. E de facto levantar 6 kg em seco equivale à luta dentro de água de um peixe de grande porte. Resistência mais que suficiente para combater com a grande maioria dos exemplares que se podem capturar nas nossas águas.
Sou por natureza impulsivo nas minhas decisões. E nesta ocasião não fui contra essa tendência!
Ao peso anterior juntei mais uma chumbada de 0,976 kg perfazendo um total de 7,038 kg. Seria o último teste.
Se há seis meses atrás alguém me dissesse que havia uma cana para pesca embarcada com uma maravilhosa acção parabólica progressiva, com três ponteiras, bons acabamentos, fabricada em Portugal e que levantava 7 kg, provavelmente começaria a rir. Mas esta cana existe e levanta realmente 7,038 kg, para ser mais preciso.
Fiquei com a certeza que ainda levantaria mais peso. Mas para quê? Os braços já me tremiam muito e tinha provado o que queria: também na pesca “o que é nacional é bom”!
Provavelmente nunca virei a ser um grande fabricante de canas, com uma produção e preços que possam fazer frente ao que vem lá de fora. Provavelmente até levará muito tempo para que algumas mentalidades se libertem de preconceitos e apreciem as qualidades daquilo que faço. Mas uma coisa é certa: vou continuar sempre a tentar construir grandes canas. Made in Portugal, claro.
Boas Nuno
ResponderEliminarGostei desse teste. Só tenho pena de não ter assistido ao vivo. É daquelas coisas que gosto de ver, um gajo fica logo em pulgas quando se aumenta o peso e vai de vergar mola.;)
Para uma cana de 2.40 não está nada mau. Mesmo nada mau. Na maioria dos testes que vejo não arriscam tanto e não vergam a cana até ao taco.
Vão para pontos mais altos e com o taco paralelo ao chão fazem o teste de carga, ou seja, a cana "escorre" para baixo mas nunca está em carga na totalidade do blank.
A ultima foto é impressionante. A cana está toda vergada e a tua cara não engana. Estavas mesmo a curtir o teste e os resultados.
Parabéns e venham mais.;)
Abraço
Nuno
Olá Nuno!
ResponderEliminarÉ como dizes, vejo muitos testes um pouco esquisitos. O interesse, julgo eu, é colocar o "blank" à prova. Desvirtuar o teste não faz sentido.
Pode ser que ainda vejas ao vivo pois vou acabar esta cana que irá ficar apenas com essa finalidade.
Apesar de não achar grande utilidade neste tipo de testes, a não ser provar que as canas são muito fortes, diverti-me muito e na última foto já estava com um bocado de dificuldade para levantar tanto peso.
Mais uma vez agradeço as tuas palavras.
Abraço
Viva Nuno!
ResponderEliminarAssisti ao teste! Assino por baixo tudo o que dizes e que vi com estes "olhinhos que a terra há-de comer"! Ehehehe...
Mas tenho algo mais a dizer!
Uma cana com o tipo de acção dessa, com o peso que tem, o tipo de passadores e suporte de carreto aplicados, com a resistência provada e tendo em conta os preços praticados, é... Admirável!
Para pesca de barco, tenho sinceras dúvidas que se encontre algo parecido no mercado nacional, fabricada seja onde for, por esse mundo!
Parabéns Nuno!
Ernesto
Olá Ernesto!
ResponderEliminarVindo de quem vem é de extrema importância aquilo que dizes. Pela experiência e resultados comprovados que apresentas na pesca embarcada, é uma opinião que me envaidece e deixa extremamente satisfeito e mais seguro no caminho que escolhi. O mais difícil.
Faz-me pensar que afinal ainda há esperança...
Mais uma vez tenho que agradecer as tuas palavras.
Abraço
Olá Nuno: )
ResponderEliminarBem, fiquei impressionada com o teu blogue e com o teu trabalho. Estás de parabéns!
Não resisti em passar te deixar umas palavras e sem me tornar seguidora do teu blogue. Espero ser bem vinda a este teu "canto".
Um grande beijinho e boa continuação deste bom trabalho; )
Olá Erica!
ResponderEliminarClaro que és bem vinda ao meu "canto".
Obrigado pelo incentivo. Bastante falta fazem...
Ainda bem que gostas.
Beijo
Ola Nuno eu sou Marco Antonio (Brasil) Membro do Rodbuilding Org.
ResponderEliminarMinha pergunta: este é branco fabricação Portugueza? ($$$) seu custo é elevado? Gostei muito do teste, alguns eu uso (Xzoga) como este para montar uma Canas para pesca vertical com gabarito de até 500gramas.
Parabens pelo Blog, e muito bem feito como varas showu um São um aparte.
Marco Antonio (Brasil)
Este é o meu site www.custombymarco.com.br
Olá Marco!
ResponderEliminarOs blanks de fabrico nacional são realmente de muito boa qualidade e feitos em fibra de vidro. Ocos não maciços. Tem uma força que realmente impressiona. Eles saem da fabrica em castanho com algum mau aspecto. Eu depois trato e pinto da cor que o cliente pretende e são envernizados com verniz com tratamento para os raios UV e com elastificante para não estalar.
Se me enviar o seu email terei todo o gosto em lhe fornecer mais pormenores.
Aproveito também a oportunidade para lhe agradecer as suas palavras e para lhe dizer que conheço o seu excelente trabalho o qual admiro.
Um abraço
Nuno Paulino
Boas,
ResponderEliminarGostei dessa demonstração. O que é Nacional é bom. Existem variados exemplos (NDrive, o conhecido carreto de pesca (falta-me o nome) entre mais variados produtos nacionais.
Qual é o valor de uma cana igual?
JCRodrigues@cp.pt